Sítio do Piropo

B. Piropo

< Trilha Zero >
Volte de onde veio
11/07/2005

< Intel x AMD, agora nos tribunais >


A Intel é a pioneira na fabricação de microprocessadores. Foi o 4004 com seus pouco mas de dois mil transistores fabricado em 1971 que deu origem à moderna indústria da informática. E desde então ela jamais deixou de investir pesado em fabricação, pesquisa e desenvolvimento, prometendo fabricar este ano o Itanium de núcleo duplo com 1,7 bilhão de transistores. Portanto não é de estranhar que ocupe a liderança do mercado, do qual abocanha firmemente uma fatia de 80%. Seu maior rival é a AMD, que nos últimos anos tem disputado com ela em igualdade de condições técnicas.

Que a briga entre Intel e AMD é antiga e acirrada todo mundo sabe. Uma briga que se estende balcão a balcão, revenda a revenda, estande a estande. O problema é que agora ela extravasou para os tribunais.

Em oito de março último uma investigação da Japan Fair Trade Commission (JFTC), a organização governamental japonesa que se ocupa de fiscalizar práticas comerciais, concluiu que a subsidiária local da Intel violou a legislação contra monopólios oferecendo a cinco grandes fabricantes japoneses (NEC, Fujitsu, Toshiba, Hitachi e Sony) “uma grande quantia em dinheiro” sob a condição que eles se abstivessem de usar microprocessadores da AMD. Que, por sua vez, considerou que esta prática lhe causou sérios prejuízos (veja em
< www.amd.com/us-en/Corporate/VirtualPressRoom/0,,51_104_543~99765,00.html >).
E sua sucursal japonesa entrou com um processo contra a Intel nos tribunais nipônicos solicitando uma indenização de cinqüenta milhões de dólares americanos referente aos prejuízos sofridos devido à interrupção das vendas à Toshiba, Sony e Hitachi, assim como à brusca redução das vendas à NEC e Fujitsu.

Mas a coisa não ficou nisso. Também nos Estados Unidos, no Tribunal Federal do Estado de Delaware, a AMD apresentou uma queixa contra as atitudes que classifica como monopolistas da Intel, onde explica detalhadamente como “a Intel tem mantido ilegalmente seu monopólio no mercado dos processadores da linha x86 coagindo seus clientes em escala mundial a não negociar com a AMD”. E identifica 38 empresas que ela considera vítimas dessa coação, uma lista que inclui grandes e pequenos fabricantes, distribuidores e revendedores de computadores espalhados por três continentes (veja em
< www.amd.com/us-en/Corporate/VirtualPressRoom/0,,51_104_543~99713,00.html >).

Hector Ruiz, Presidente e principal executivo da AMD, postou uma carta aberta justificando a atitude da empresa em < www.amd.com/breakfree > e a íntegra da queixa está em
< www.amd.com/us-en/assets/content_type/DownloadableAssets/AMD-Intel_Full_Complaint.pdf >.
Nela há pontos curiosos, como a afirmação de Michael Capellas, o principal executivo da Compaq em 2000, que “devido ao grande volume de negócios que ele mantinha com a AMD, a Intel suspendeu o fornecimento de chips para servidores que a Compaq precisava desesperadamente. Alegando que ‘eles tinham um revolver apontado para a nossa cabeça’, Capellas informou a um executivo da AMD que teria que interromper a compra de processadores AMD” (página 27 do documento).

A Intel, evidentemente, não se calou diante da denúncia. Seu novo presidente, Paul Otellini (que em 18 de maio passado substituiu Craig Barret) declarou que “a Intel sempre respeitou a lei de todos os países onde opera”. E acrescenta: “Nós competimos agressivamente, mas lealmente, com o objetivo de oferecer o melhor preço aos consumidores. E isso não vai mudar” (veja em
< www.intel.com/pressroom/archive/releases/20050629corp.htm >).

Otellini afirma ainda que ao longo dos anos a Intel já esteve envolvida em outros processos antimonopolistas e enfrentou desafios semelhantes. E todas essas disputas foram decididas favoravelmente à empresa. E conclui: “Nos discordamos inequivocamente das alegações da AMD e acreditamos firmemente que esta última disputa terá resultado favorável como as demais”.

Entrementes, em um esforço para trazer a briga também para o campo das relações públicas e ganhar corações e mentes do público americano, semana passada a AMD espalhou anúncios de página inteira nos principais jornais dos EUA para divulgar e justificar sua atitude. Em suma: uma briga de cachorro grande que promete se arrastar por anos a fio nos tribunais.

É esperar para ver no que vai dar...

B. Piropo