Sítio do Piropo

B. Piropo

< Trilha Zero >
Volte de onde veio
05/09/2005

< Mobilidade >


A história dos computadores portáteis é um tanto nebulosa. Mas a maioria dos autores concorda que o primeiro computador comercial que pôde ser considerado “portátil” foi o Osborne, um monstrengo de 12 kg e do tamanho de uma maleta. Usava um monitor tipo CRT de cinco polegadas, um processador de oito bits (o Z80 da Zilog) e tinha que ser ligado na tomada. Havia, é claro, uma bateria, mas era opcional. Isso foi lá pelos idos de 1981. Uma máquina que, definitivamente, não ajudou a popularizar a computação móvel.

Houve outras tentativas, como o IBM 5155 de 1984, mesmo estilo do Osborne mas com um processador de dezesseis bits (8088 da Intel), os TRS80 modelos 100 e 200 (estes, mais parecidos com os modelos atuais) e o Compaq SLT/286, lançado em 1988, com processador Intel 80286 e monitor VGA, pesando 7 kg . Mas o primeiro computador realmente portátil foi o NEC UltraLite de 1989. Pesava pouco mais de dois quilos, a carga da bateria durava algumas horas, usava um processador NEC V30 (compatível com o 8086 da Intel), trazia o DOS e todos os aplicativos gravados em um chip ROM de 2 MB (sim, cabiam) e, sobretudo, tinha a “cara” dos computadores portáteis atuais. Foi ele que possibilitou aos computadores portáteis evoluírem da categoria de curiosidade para a de ferramenta de trabalho. Como o bicho vendeu mais que bolinho quente, logo outros fabricantes lançaram modelos semelhantes (como o legendário “Toshibinha”), dando origem à categoria de computadores denominada “laptops”, ou “computadores de colo”, já que podiam ser usados confortavelmente no colo de uma pessoa sentada.

Durante algum tempo a evolução se deu na redução do tamanho e peso, aumento da duração da carga da bateria e aperfeiçoamento das telas. O que levou ao surgimento de uma nova categoria, a dos “notebooks”, computadores do tamanho de livros ou agendas. E quando parecia que nenhuma grande novidade surgiria neste campo, explodiram as redes sem fio e os micros portáteis passaram a suportá-las sem necessidade de qualquer dispositivo adicional. Resultado: no ano passado, pela primeira vez, as vendas de notebooks superaram as de micros de mesa nos EUA.

É fato que muitos foram comprados por usuários que, aproveitando-se do notável aumento do poder de processamento dos notebooks modernos, os estão usando em substituição a seus micros de mesa. Mas um considerável contingente de usuários se interessa por sua característica mais notável: a mobilidade.

O que me fez pensar assim foi o que testemunhei no último IDF, o Intel Developers Forum, sobre o qual vocês leram semana passada um excelente artigo de mestre Carlos Alberto Teixeira. Também andei por lá e percebi que os velhos blocos espiral, que os jornalistas costumavam usar para tomar notas durante as apresentações, desapareceram completamente. Em contrapartida, no colo de cada um havia um notebook que, nas apresentações interessantes, era usado para anotações.

E, nas menos interessantes, aproveitando o “hot spot” de rede sem fio instalado pela Intel no Moscone Center de San Francisco onde o evento foi realizado, era usado para navegar na Internet ou para se comunicar via programas de trocas de mensagens instantâneas, tipo MSN. O que possibilitava matar o tempo durante uma apresentação chata batendo um papo com a saudosa namorada no outro lado do planeta.

Sinal dos tempos...

E já que falamos no IDF: no dia da abertura do evento a AMD publicou um anúncio de página inteira em quatro importantes jornais americanos, USA Today (que circula em todo o território americano), Wall Street Journal (o arauto do mundo dos negócios), San Jose Mercury News (de San Jose, sede da Intel) e San Francisco Chronicle (de San Francisco, local onde se realizava o IDF) desafiando a Intel para um duelo cujas armas seriam seus processadores de núcleo duplo. Ganharia o de melhor desempenho
(veja em < http://www.amd.com/us-en/Corporate/VirtualPressRoom/0,,51_104_543~100656,00.html >. O que foi considerado pela maioria dos participantes do IDF como, digamos, um golpe pouco elegante. Mas a Intel não deixou barato. No dia seguinte circulava na sala de imprensa do IDF um panfleto informando que a AMD planeja erigir em Austin, Texas, um prédio para abrigar dois mil funcionários em uma região que fica águas acima do principal aquífero local, provocando uma poluição intolerável. O responsável pelo panfleto seria um movimento que tem até sítio na Internet (veja em < http://www.moveamd.com/ >).

A briga está ficando feia...

B. Piropo