Sítio do Piropo

B. Piropo

< Trilha Zero >
Volte de onde veio
03/10/2005

< Pesquisas improváveis >


Antes de mais nada, um aviso: as pesquisas mencionadas nesta coluna foram de fato realizadas e a maioria delas publicadas como trabalhos científicos. Quem duvidar tenha a bondade de consultar os atalhos (“links”) correspondentes. Ou, para poupar digitação, consultem esta coluna na seção Escritos de meu sítio, em < www.bpiropo.com.br > onde bastará clicar sobre eles, já que eu me dei ao trabalho de transcrevê-los após verificar a validade de cada um, garantidamente acessíveis em 27/09/2005. Agora, mãos à obra.

Há diversas revistas dedicadas a pesquisas científicas. Talvez a menos conhecida, por não se voltar para nenhum campo científico em particular, seja a AIR (“Annals of Improbable Research”, < www.improbable.com/ >), cujo objetivo, como o nome indica, é discutir pesquisas improváveis. Como muitas publicações congêneres, a AIR promove um evento anual onde são homenageados os autores dos trabalhos que mais se destacaram realizando coisas “que, primeiro, fazem as pessoas rirem, depois, pensarem”. O laurel chama-se “Prêmio Ig Nobel”. Informações detalhadas sobre o que é o Ig Nobel, a lista completa de ganhadores e seus trabalhos e as cerimônias de entrega podem ser encontrados em < www.improbable.com/ig/ig-top.html >. Aqui citaremos apenas alguns exemplos relevantes para aguçar a curiosidade dos leitores sobre a cerimônia de entrega dos prêmios deste ano, a décima quinta edição, a se realizar na próxima quinta-feira, no Sanders Theatre da Universidade de Harvard, quando serão divulgados os novos ganhadores (< www.improbable.com/ig/2005/2005-details.html >).

O Prêmio Ig Nobel de Medicina de 2004 foi entregue a Steven Stack, da Universidade de Wayne, Michigan, e James Gundlach, da Universidade de Auburn, Alabama, pelo trabalho publicado na revista “Social Forces”, vol. 71 Nr. 1, intitulado “O efeito da música sertaneja no suicídio” ( < www.questia.com/PM.qst?a=o&d=95183303 >). Já os ganhadores do Ig Nobel de Física foram Ramesh Balasubramaniam e Michael Turvey (daqui para a frente me absterei de citar as universidades e as publicações, já que essa informação pode ser obtida consultando o atalho) com um detalhado trabalho dissecando a dinâmica do bambolê (< http://aix1.uottawa.ca/%7Erbalasub/hulahoop.pdf >).

Em 2002 o brilhante ganhador do prêmio Ig Nobel de física foi Arnd Leik  por haver demonstrado que a espuma da cerveja obedece às leis matemáticas do decaimento exponencial (< http://www.iop.org/EJ/S/UNREG/aS0aOQcupwxj4CNeiM5vaQ/article/-featured=jnl/0143-0807/23/1/304/ej2104.pdf >). Já o Ig Nobel de matemática foi capturado por K.P. Sreekumar e G. Nirmalan pelo trabalho intitulado “Estimativa da superfície total de um elefante indiano”
(< http://www.ncbi.nlm.nih.gov/entrez/query.fcgi?cmd=[nota: na mesma linha]
Retrieve&db=PubMed&list_uids=2316192&dopt=Abstract
>).

O laureado com o Ig Nobel da Paz em 2001 foi o lituano Viliumas Malinauskus pela criação do parque temático “O mundo de Stalin” (é sério, juro; veja mais informações em < www.balticsww.com/stalin_world.htm >). No mesmo ano, o Ig Nobel de Saúde Pública foi merecidamente ganho pelos indianos Chittaranjan Andrade e B.S. Srihari pela supreendente constatação e comprovação científica que a Rhinotillexomania é uma atividade comum entre adolescentes (“Rhinotillexomania” é o nome científico da atividade conhecida popularmente por “limpar o salão” ou  “tirar meleca do nariz”, veja detalhes em < www.psychiatrist.com/abstracts/200106/ab060104.htm >).

Um dos trabalhos mais interessantes a merecer um Ig Nobel, no caso o de Química de 2000, foi o produzido por Donatella Marazziti, Alessandra Rossi e Giovanni B. Cassano demonstrando que, do ponto de vista bioquímico, o amor romântico é indistinguível de um grave distúrbio obsessivo-compulsivo (< www.biopsychiatry.com/lovesero.htm >).

Mas talvez o laurel que melhor demonstre o espírito do Prêmio Ig Nobel seja o de Biologia do ano passado, arrebatado por Ben Wilson, Lawrence Dill e Robert Batty por seu extraordinário trabalho discutindo a hipótese de que os arenques se comunicam através ruídos produzidos expelindo gases pelo anus. O artigo pode ser encontrado em
< www.zoology.ubc.ca/%7Ebwilson/herring/FRTing_herring_Wilson_et_al.pdf >
e uma amostra do som produzido pelos arenques pode ser ouvida aqui: <  www.zoology.ubc.ca/%7Ebwilson/herring_sound.wav >.
Espero ansiosamente pela lista de laureados deste ano.

B. Piropo