Escritos
B. Piropo
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02/12/1991

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Ufa! Afinal terminamos esta (longa...) série sobre o Ansi.Sys. Mas como ele é um dos poucos drivers que podem ser acessados diretamente pelo usuário, a coisa de certo modo se justifica. Além do que alguns comentários importantes ainda devem ser feitos. O primeiro é sobre a utilidade do Ansi.Sys. Que, infelizmente, não é muita. Surpreso? Achou que só pela redefinição do teclado ele vale a pena? Talvez. Mas acontece que não se desenvolve todo um driver de console somente para que se possam redefinir algumas teclas: na verdade o que realmente motivou a criação do Ansi.Sys foram as limitações do driver original que ele pretendia substituir - que obrigava os programadores a recorrer diretamente aos serviços do BIOS. A idéia era que, após lançado o Ansi.Sys, todos corressem pressurosos a adotá-lo em busca das facilidades que oferecia para mudar modos de tela, trocar cores, posicionar o cursor e tudo o mais. E o que ocorreu? Nada: os programadores continuaram a recorrer ao BIOS. E não por má vontade: é que o Ansi.Sys é miseravelmente lento... Os poucos programas que a ele recorriam se arrastavam na tela. E ninguém quis se sujeitar à tanta lerdeza somente pela conveniência de usar os serviços do DOS. Portanto, o Ansi.Sys só vai lhe ser útil mesmo para redefinir o teclado. E "come" quase 5K de memória.

Outro ponto: as redefinições de teclas somente valem no prompt do sistema - o que, aliás, é bom: dentro dos seu programas F1 vai continuar chamando o Help, como convém. Pois todo programa que se preza lê o teclado através do BIOS, onde o Ansi.Sys não pia.

Finalmente, nossa lista somente abrange os códigos das teclas de função porquê estas são as mais indicadas para serem redefinidas. O que não significa que o Ansi.Sys atue apenas sobre elas: ao contrário, ele pode interceptar e modificar o significado de qualquer uma. Por exemplo: o código da tecla "A" é 97 (assim mesmo, sem o zero antes - o zero só precede aos códigos das teclas de função e de posição, como Home e setas). Experimente redefini-la e você ficará sem o "A". Além de assustar aos incautos, não vejo outra utilidade para isto - mas se você estiver interessado, o manual do DOS traz os códigos de todas as teclas, incluindo suas combinações com Shift, Control e Alt.

E, para encerrar, um comentário sobre as definições de teclas do modelo anterior. Você deve ter percebido que F1 lista imediatamente o diretório corrente, enquanto Shift+F1 aguarda teclar ENTER. E o mesmo ocorre com F9 e F10, que sozinhas mudam imediatamente para os drives A e B, e com Shift aguardam o ENTER. Mas será que percebeu o porquê das diferenças? Se não esqueceu dos espaços inseridos em algumas definições, experimente o seguinte: ponha um disco no drive A e tecle Shift+F1. Depois, sem teclar ENTER, tecle SHIFT+F9. E veja o diretório do drive A aparecer na sua tela. Ou então: Shift+F1 seguido de F9 (sem SHIFT) e um nome genérico de arquivo, como por exemplo "*.com". E aparecem apenas os arquivos de extensão .Com. Em suma: com um pouco de engenho e arte você pode combinar as teclas de função para executar a maioria dos comandos mais freqüentes e economizar muita digitação. E, naturalmente, não precisa ficar preso às minhas definições de teclas: use a imaginação e crie as suas. Que tal chamar os programas que você usa com mais freqüência com uma única tecla? Veja como F4 foi redefinida e lembre-se que Chkdsk é um programa como outro qualquer. E note que até mesmo seus parâmetros podem ser incluídos. Assim, seu conjunto de teclas de função se transforma em um menu (caso você se decida a fazê-lo, não se esqueça do "13" antes do "p": ele é o código de CR, ou ENTER, sem o qual você será obrigado a teclar ENTER para carregar o programa).

Pois é isto. Com o Ansi.Sys em seu Config.Sys você pode se divertir um bocado com as teclas de função. Limitado apenas por duas restrições. Ambas ligadas à memória. A primeira, da máquina: o número total de bytes usados na redefinição de teclas não pode exceder a duzentos. A segunda, da sua: redefina as 48 combinações possíveis e tente se lembrar de todas...

B. Piropo