Escritos
B. Piropo
Anteriores:
< Trilha Zero >
Volte de onde veio
30/08/1993

< Interrupções IV: Os Dispositivos >


Vamos supor que você esteja prestes a instalar um novo dispositivo em sua máquina. E que este dispositivo use uma interrupção. Sua tarefa: selecionar uma interrupção livre e atribui-la ao novo dispositivo.

Em geral, para atribuir uma interrupção, basta ajustar a posição de um ou mais jumpers ou dip-switches na placa controladora do dispositivo. Não sabe o que é isso? Não se assuste com os nomes complicados: um jumper nada mais é que uma pequena peça de plástico com núcleo metálico que pode ser encaixada em um par de pinos da placa. Funciona como um interruptor: remova-o e a corrente elétrica não flui entre os dois pinos, recoloque-o e o circuito se fecha energizando determinados componentes. Um dip-switch cumpre exatamente a mesma função. Parece-se com um interruptor em miniatura: mova um pequeno pino plástico para um lado, ele abre o circuito, para o outro, ele fecha. Servem para diversos fins, entre os quais "dizer" à placa controladora que interrupção usar.

Então, para atribuir uma interrupção, basta consultar o manual do dispositivo, descobrir que pares de pinos correspondem a que interrupções e ajustar os jumpers de acordo com a configuração desejada. O que me leva a repetir um velho e sábio conselho: nunca, mas nunca mesmo, espete em um slot de sua máquina uma placa controladora da qual você não tenha o manual. Pode ser um mísero papelucho sem nada além da localização e serventia dos jumpers: isso basta. Guarde-o junto com os demais manuais de seu equipamento. Parece bobagem, mas no dia em que for preciso alterar a interrupção atribuída a um dos dispositivos já instalados para resolver um conflito de interrupções você irá perceber seu valor.

Como vimos, algumas interrupções são designadas para certos dispositivos. Outras, são usadas preferencialmente por alguns dispositivos. E outras, ainda, ficam disponíveis, podendo ser usadas por quaisquer dispositivos (ao encerrarmos esta série vamos listar as interrupções do XT e do AT e, quando for o caso, os dispositivos que as usam). Portanto a tarefa parece simples: basta escolher uma das interrupções livres e atribui-la ao dispositivo ajustando os jumpers ou dip-switches correspondentes.

E seria mesmo muito simples. Desde que fosse possível escolher qualquer das interrupções livres. Mas a escolha é limitada pelas interrupções que cada dispositivo "aceita". Não entendeu? Vejamos um exemplo para tornar as coisas mais claras: vamos supor que você acabou de comprar uma reluzente placa de som, a Sound Blaster 16, e está prestes a instalá-la em seu AT. Ela usa uma interrupção e você sabe que vem ajustada "de fábrica" para usar a IRQ5. Mas sua máquina tem duas impressoras, uma laser ligada na LPT1 que usa a IRQ7 e uma matricial na LPT2, que usa justamente a IRQ5 que a Sound Blaster pretendia alocar para si. Portanto, é necessário mudar a interrupção "default" da Sound Blaster. Por outro lado, você também sabe que em sua máquina só há uma porta serial, a COM1, que está usando a IRQ4. E tem certeza que não há dispositivo algum usando a IRQ3, que portanto está livre. Logo, teoricamente, basta atribui-la á sua placa de som e partir para aquele joguinho esperto, que ninguém é de ferro. Parece fácil.

Aí, você consulta o manual da placa de som para descobrir como ajustá-la para usar a IRQ3. E descobre que ela não a aceita, ou seja, a Sound Blaster 16 não pode usar a IRQ3: seu ajuste é feito por meio de jumpers que só permitem quatro escolhas: IRQ2, IRQ5 (a default), IRQ7 e IRQ10. As interrupções 5 e 7 estão ocupadas pelas impressoras. Se a IRQ2 estiver sendo usada, por exemplo, por um mouse tipo "bus" e a IRQ10 por um drive CD-ROM, prepare-se para um interessante quebra-cabeças. Será preciso mudar a interrupção atribuída ao mouse ou ao CD-ROM para "encaixar" a Sound Blaster. Para isto você terá que descobrir que interrupções estão livres. Depois, verificar se o mouse ou o CD-ROM "aceitam" uma delas. Em seguida, mudar a IRQ de um deles para uma das que estão livres, liberando a IRQ2 ou IRQ10. E só então ajustar a Sound Blaster para uma destas. Isso se você teve a sorte de encontrar uma interrupção livre que "combine" com o mouse ou CD-ROM. Se não, você vai ter que descobrir as que podem ser usadas por um deles e verificar se é possível mudar o dispositivo que a está usando para uma IRQ livre. Isto feito, basta transferir mouse ou CD-ROM para a que foi liberada, abrindo espaço para a Sound Blaster. Entendeu agora o que é o famoso "conflito de interrupções"?

Acha que eu estou exagerando e um quadro assim sinistro é altamente improvável? Engana-se: foi exatamente o que aconteceu nesta máquina que vos fala e me "inspirou" a começar esta série. Havia apenas uma diferença: minha IRQ3 não estava livre...

Mas não se assuste. Afinal, a máquina está funcionando perfeitamente, com todos os seus dispositivos na mais perfeita harmonia senão, como escrever esta coluna? E olha que dispositivo, nesta maquineta, é coisa que não falta. E nem foi preciso fazer mágica. Bastou um pouco de organização e método. Semana que vem eu ensino os macetes...

PS: Atenção, turma do OS/2: a reunião de setembro do Grupo de Usuários será, como sempre, na segunda terça-feira do mês, dia 14 às 19:30 horas. Obedecendo ao rodízio centro/zona sul, desta vez a reunião será realizada nas excelentes instalações do Centro de Informática do Palácio Duque de Caxias, o prédio do antigo Ministério da Guerra, na Praça Duque de Caxias 25.

B. Piropo