Escritos
B. Piropo
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17/07/1995
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Livros - Para quem acompanhou a série "Rumos da Indústria", se interessou pelo livro "Unauthorized Windows 95" do Andrew Schulman e não sabe onde encontrá-lo ou não lê inglês, uma boa notícia: acabo de receber a tradução para o português. O título é "Windows 95 Não-autorizado" e a editora é a LCTE - Livraria Ciência e Tecnologia Editora. O livro inclui um disquete. A tradução me pareceu decente: alguns termos, como "breakpoint", corretamente não foram traduzidos. Já "callback", por exemplo, foi traduzido para "rechamada", o que também me pareceu razoável. Por outro lado, "thunk", que não tem "tradução" nem mesmo para o próprio inglês (onde a palavra não faz nenhum sentido fora do contexto em que é usada em informática), foi traduzido para "trecho de passagem", quando poderia perfeitamente permanecer como estava. Mas fazer uma tradução que agrade a todos é uma missão impossível, especialmente quando se trata de um livro de programação. No caso do livro do Schulman, apesar de um ou outro tropeço, de uma forma geral o trabalho foi muito bem feito.

Em contrapartida, acabo de ler o "Visual Basic 3.0 para Windows", de Nuno Nina, editado pela Brasport Livros. Que usou uma estratégia oposta: logo no primeiro parágrafo do Capítulo 1 o autor informa que não concorda com a tradução de palavras chave e avisa que, por isso, não as traduzirá. Tudo bem, é uma teoria que deve ser respeitada. O problema é que, além de não traduzir, ele não explica o que são: dois parágrafos adiante, informa que "selecionando-se uma ferramenta da tool box, obtém-se esse efeito no form" - sem esclarecer o que são tool box ou form. E segue nessa batida, descrevendo passo a passo a montagem de programas, porém mal explicando o porquê das ações descritas. O livro é da "Série Fundamental", o que me fez presumir que seria indicado para principiantes. Mas, ainda nas primeiras páginas, sem nem se dar ao trabalho de esclarecer o que seja uma função, o autor informa que "A função Time$ retorna a hora atual". Dificilmente alguém sem uma razoável base de programação tem noção do que seja um valor retornado por uma função. Durante algum tempo tive a impressão que se tratava de uma tradução mal feita, mas acabei por perceber que o livro, ao que parece, havia sido escrito em português mesmo. Mas em que português? Reparando bem, sobretudo nas legendas das figuras e nos nomes de alguns ícones das ilustrações, encontra-se referências a "ficheiros", "directórios" e outros tantos termos do jargão da informática d'além mar. Portanto, a única explicação plausível é que o livro teria sido traduzido (e mal, diga-se de passagem) do português lusitano. E acabou caindo em uma terra-de-ninguém: é elementar demais para interessar a quem já tem alguma base de programação e ininteligível para quem não tem.

E para fechar o tópico: felizmente vou deixar de ser único autor de um livro brasileiro sobre o OS/2. Durante a Fenasoft que começa amanhã em São Paulo, Reinaldo de Medeiros lançará seu "OS/2 Warp para Neófitos", editado pela Axcel Books. Inteiramente atualizado, entre outras coisas o livro discute os programas disponíveis para OS/2. E traz um disquete com preciosos shareware (sim, o OS/2 também os tem, por que não?). Que foram apresentados na reunião do Grupo de Usuários do OS/2 da semana passada por Mestre Reinaldo. Só lamento não ter podido fazer o prefácio, como havia prometido.

OS/2 e Internet - E por falar em Fenasoft: na mesma reunião do Grupo de Usuários do OS/2, soube que um dos três estandes que a IBM vai montar na feira será dedicado exclusivamente à demonstração do OS/2. E, em uma jogada das mais espertas, a IBM vai usar o interesse despertado pela Internet para divulgar seu sistema operacional: no estande, qualquer pessoa terá direito a surfar na Net por uma hora usando um dos quarenta micros que estarão rodando as ferramentas de acesso à Internet que vêm embutidas no sistema. Este não é o primeiro esforço inteligente da IBM para divulgar o OS/2. Desde o lançamento do Warp nota-se algumas brilhantes iniciativas de marketing. Ao que parece, a IBM está aprendendo. Só espero que não seja demasiadamente tarde.

Comércio Eletrônico - EDI significa Eletronic Data Interchange. Mais um exemplo de como a informática permeia cada vez mais as atividades da vida de todos nós. EDI é um meio diabolicamente eficiente de simplificar, desburocratizar e facilitar as práticas comerciais entre empresas. Também conhecido por "comércio eletrônico", seu objetivo é realizar uma operação automática que possibilite o intercâmbio de dados entre parceiros comerciais. Trocando em miúdos: eliminar papeis e fazer com que os computadores das empresas que compram e vendem troquem entre si as informações necessárias para concretizar e documentar o negócio. Por exemplo: pelo método tradicional, o simples envio de uma mercadoria de uma empresa para outra envolve até 28 organizações diferentes e mais de 40 documentos, como conhecimentos, cartas de crédito, manifestos, o diabo. Pois o EDI elimina tudo isso: as informações são trocadas eletronicamente, sem envolver uma única folha de papel. É claro que isso engloba uma série de questões, inclusive no campo legal. E necessita ser rigidamente padronizado para não virar bagunça. Pois já existe um padrão internacional, desenvolvido em conjunto pelas Nações Unidas e União Européia: o UN/EDIFACT. E mais: no Brasil já existe o SIMPRO Brasil, uma instituição privada destinada justamente a divulgar e disseminar a cultura e as tecnologias envolvidas nesse novo tipo de relações entre empresas.

Tudo isso eu aprendi no "Guia SIMPRO Brasil de Produtos e Serviços de EDI e Comércio Eletrônico", que me foi enviado pelo André Valle, velho amigo dos BBS da vida. E mais: como era de se esperar, veio também a versão eletrônica do catálogo, um programa Windows com algumas das melhores ferramentas de busca que já vi em produtos similares.

Quer dizer: não adianta brigar contra nem enfiar a cabeça na areia para tentar ignorá-la. Querendo ou não querendo, a informática vai invadir sua praia.

Seja ela qual for.

B. Piropo