Escritos
B. Piropo
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15/04/1996
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Já deu na coluna da Cora e já rolou muito papo nos BBS da vida sobe o assunto mas em todo o caso, só por desencargo de consciência, uma informação: se você ainda está preocupado com a possibilidade de seu computador (ou de você mesmo) ficar "doente" devido ao ataque de um virus biológico porque leu o artigo sobre virus que saíu aqui no caderninho duas edições atrás, relaxe: seu micro não corre perigo. Depois do susto inicial, seguindo a sugestão do fêcho do artigo e lendo de trás para a frente os nomes citados, a maioria de vocês percebeu do que se tratava. Arhit Nehm, o virus, de trás para a frente é "mentira". E o célebre virologista Lirba Edor Hiemirp, é "primeiro de abril". Data, aliás, da publicação do artigo - por si só um bom indício. Quanto a Mega Nacas, o mínimo que se pode dizer à respeito é que não fica na Califórnia. Aos que acreditaram e se preocuparam com a terrível ameaça, desculpem a brincadeira. Aos que gostaram e escreveram elogiando, obrigado. Pois parece que a coisa agradou. Tanto, que mereceu citação na revista "Isto É" ao lado de brincadeiras semelhantes que saíram na imprensa internacional - como a granada incrustrada de diamantes que, segundo uma agência de notícias russa, estaria sendo usada pelos gangsters novos ricos da recente e afluente máfia local surgida com a queda do comunismo.

E já que citamos a "Isto É": na mesma edição aparece uma curiosa notícia sobre Nicholas Negroponte, o novo gurú da era digital que já há algum tempo se dedica a divulgar suas previsões revolucionárias sobre a influência que dentro de alguns anos a informática e as telecomunicações exercerão em nossa vida. Pois recentemente, em seu périplo mundial, o profeta digital aportou em Buenos Aires, ali na vecina y hermana República Argentina. Onde, para ficar mais à vontade enquanto falava ao público, tirou o paletó e o pendurou alhures. No final da palestra, ao envergá-lo novamente, verificou que a carteira que lá estava antes já não estava depois. Com ela os amigos do alheio aliviaram o guru de dois mil dólares que lhe pesavam no bolso. Até aí, nada demais: fatos como este acontecem a toda hora e não merecem a menor atenção. O que a situação tem de extraordinário é que nunca um profeta se revelou tão profético: a palestra que Negroponte acabara de proferir versava justamente sobre "o desaparecimento do papel-moeda". Vá acertar previsão assim lá na Argentina!!!

E agora, chega de Mega Nacas e vamos ao trabalho. Acabo de receber uma nota da SUCESU/RN informando que o SUCESU 96 será em Natal. Mais especificamente - e usando uma linguagem compatível com a seriedade da coisa: o SUCESU 96, um evento que engloba o XXIX Congresso Nacional e a XVI Feira Internacional de Informática e Telecomunicações, realizar-se-á no Centro de Convenções de Natal, Rio Grande do Norte, de quatro a nove de novembro deste ano, sob os auspícios da SUCESU Nacional e da SUCESU/RN.

Tudo bem. Com a abençoada queda da reserva do mercado e a descoberta pela indústria mundial de informática do gigantesco mercado reprimido que o Brasil (ainda) representa, feiras de informática e telecomunicações já viraram fichinha por aqui. Semana que vem nos encontraremos na Comdex Rio, em julho será a vez da Fenasoft e, em setembro, da Comdex SP. E todas as três podem ser consideradas megaeventos, feiras de grande porte mesmo a nível mundial (a Comdex SP é a segunda em tamanho, perdendo apenas para a de Las Vegas e ganhando longe de todas as demais, inclusive da Comdex Spring que este ano se realizará em Chicago no mês de junho). Então o leitor desavisado poderá pensar: em uma época destas, pra que tanto alvorôço por causa de uma feirinha no Nordeste? Afinal, Natal não abriga mais que 700 mil almas.

Pois quem pensa assim se engana. De fato, Natal não é propriamente uma metrópole - o que só pesa a seu favor. Por outro lado, é uma das capitais mais simpáticas do Nordeste, um polo turístico em pleno desenvolvimento e um lugar que conseguiu incorporar os recursos essenciais da "modernidade" sem perder o charme das cidades de porte médio. Além de seu povo comoventemente acolhedor e hospitaleiro.

É claro que tudo isto faz de Natal um lugar formidável para as férias. Mas não garante o sucesso de uma feira de informática. O que a torna especial para a tribo micreira é uma peculiaridade cujas razões ainda não entendi, mas que não dá para ignorar: o espantoso interesse pela informática que ali grassa. Pois há menos de um ano, aqui mesmo nesta coluna, eu comentava que o Inforn 95, uma feira de informática, tinha atraído quase cinco porcento da população de uma capital. E se tratava de uma feira regional. O SUCESU 96 deverá atrair ainda mais gente, pois será um evento de envergadura internacional voltado para a participação da região Nordeste no Mercosul.

E esta não é uma previsão sem base nos fatos. Porque, faltando ainda mais de meio ano para o evento, mestre Salustiano Fagundes, o presidente do Congresso e da Feira, informa que 80% dos 130 estandes já foram comercializados e o interesse dos expositores tem sido tão grande que o pavilhão de exposições do Centro de Convenções de Natal, com seus quatro mil metros quadrados de área, se mostrou insuficiente. E se você duvida da relação especial que o povo potiguar mantém com a informática, tenha em mente que foi justamente um evento de informática que tornou necessário construir o segundo pavilhão. Cuja obra acabou de ser autorizada pelo governo estadual para abrigar o SUCESU 96.

B. Piropo