Escritos
B. Piropo
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24/06/1996
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Esta é a última coluna destas férias a ser escrita aqui em New York e enviada via correio eletrônico. Quando você a estiver lendo, eu já deverei estar de volta ao Brasil e ao batente.

Batente, aliás, que não me faltou também por aqui: em três semanas fui a duas feiras de informática. A primeira em Chicago, a segunda - que ainda está rolando enquanto eu batuco estas maltraçadas em meu notebook - aqui mesmo em NY. Ambas mornas. A de Chicago foi por mim devidamente relatada há duas semanas. Sobre a daqui, a PC Expo, você tem notícias minhas e da Cristina de Luca alhures nesta mesma edição.

No mais, a vida segue. Por aqui mais animada que por aí, naturalmente. E não porque aqui seja intrinsecamente melhor que aí, mas somente porque aqui sou turista e a vida de turista é sempre mais animada. Esta semana, por exemplo, passei na Barnes & Noble. Uma livraria. Na verdade, uma rede de livrarias. A que mais me encanta fica na Sexta Avenida com Rua 22. Ocupa os dois primeiros andares de um prédio enorme que se estende por quase todo o quarteirão. A seção de informática, naturalmente, tem sido a minha preferida, se bem que não a única que freqüento. Voltei de lá com uma braçada de livros que, se me pesavam consideravelmente nos braços, me aliviaram o bolso de um peso igualmente considerável. É claro que ainda não acabei de ler nenhum, que tempo para ler aqui não me sobra. Mas já folheei o suficiente para poder recomendar particularmente dois deles: "Word for Windows 95 Secrets", de Doug Lowe, um calhamaço de quase novecentas páginas da série "Secrets" da IDG, imperdível para os usuários sérios do Word, e "Silicon Snake Oil - Second Thougths on the Information Highway", de Clifford Stoll, editado pela Anchor Books. Clifford Stoll é o autor do clássico "The Cuckoo's Egg", portanto a pessoa mais insuspeita para criticar todo o ôba-ôba que cerca a Internet. O que faz deste livro uma leitura praticamente obrigatória para quem quer examinar com ponderação ambas as faces de uma moeda que somente tem exibido seu lado mais esfuziante.

Com os preços dos artigos de informática do jeito que andam, as compras por aqui são quase uma obrigação. O problema, com certeza, vai ser convencer aos sisudos rapazes da alfândega que o drive CD-ROM de velocidade sêxtupla que estou levando, embora três vezes mais rápido, custou cerca de US$ 200, ou seja, menos de um terço do que paguei pelo velho Toshiba 2x cansado de guerra que irá substituir. Ou que o pente de 16Mb de memória (comprado na loja aqui em NY, não na feira) que vai permitir a minha velha máquina agüentar mais airosamente o peso de Windows 95, custou a bagatela de US$ 150, menos de dez dólares por Mb. É claro que levo comigo os anúncios das promoções e os recibos das compras para comprovar os preços, mas vai ser uma dureza convencer à turma da receita que estou dentro dos limites da lei. Quem vai acreditar que o drive CD-ROM que comprei para meu irmão - este, sim, comprado na feira - custou menos de US$ 40? Pois custou. Para ser preciso, custou exatos US$ 39.

A queda dos preços do hardware, é claro, se reflete nos preços dos serviços. Ontem mesmo, depois do jantar, fui - muito bem acompanhado, diga-se de passagem - tomar um café em um dos muitos bares que existem por aqui oferecendo acesso à Internet. Este, particularmente, fica na Rua 8, próximo da Segunda Avenida, no coração do East Village. Chama-se "@ Cafe" e em cada mesa tem um PC ou um Mac conectado à rede.

Ora, dirão vocês, o Piropo está dando uma de turista deslumbrado. Pois não seria necessário viajar tanto para tomar um cafezinho em um bar que oferece acesso à Internet. No Brasil mesmo já os há.

Disto sei eu. Mas a diferença é que por aqui o acesso não se faz com modems de 28800 bps, mas via conexão ISDN de 64K bps. E apesar disto, enquanto por aí paga-se perto de um real por minuto de acesso, paguei ontem dez dólares por hora.

É diferente ou não é?

B. Piropo