Escritos
B. Piropo
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04/11/1996

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A CPU 8088 do primeiro PC acessava memória de oito em oito bits. Em conseqüência disto bastava que os chips de memória usados no PC fossem capazes de "fornecer" em cada acesso os oito bits que formavam um byte. Porém, devido a um tipo de controle de erro denominado "paridade" que discutiremos adiante, era preciso armazenar nove bits por byte (oito bits para compor o byte, mais um bit extra para o controle de paridade). Exceto esta complicação adicional introduzida pela paridade, a coisa era muito simples. Entre as diversas "linhas" (traços metálicos na placa de circuito impresso que funcionam como condutores elétricos) que uniam a memória à CPU, havia oito que correspondiam às "linhas de dados" e que, a cada acesso, transportavam um bit cada. Eram o "barramento" de memória, cuja "largura" era de 8 bits.

O sucessor do PC foi o AT, um micro baseado na CPU 80286 que acessava a memória de 16 em 16 bits, ou seja, através de um "barramento" de 16 bits. Com ele nasceu o conceito de "banco" de memória. Que é uma coisa muito simples: um conjunto de chips capaz de fornecer ao mesmo tempo tantos bits quantos necessários pra preencher a "largura" do barramento. Veja lá: o barramento do AT era de 16 bits, mas os chips de memória então usados eram concebidos para armazenar apenas 8 bits mais paridade. Portanto necessitava-se de dois conjuntos de chips de oito bits para formar um "banco" de 16 bits. Em cada acesso, eram lidos oito bits em cada conjunto. Evidentemente poder-se-ia instalar quanta memória se quisesse na placa-mãe de um AT, porém respeitando uma regra básica: os dois conjuntos de chips que formavam um banco de memória tinham que ser exatamente da mesma capacidade.

Mais tarde apareceram os 386 e 486 com suas CPUs que acessavam a memória quatro bytes por vez usando um barramento de 32 bits. Que exigia, portanto, quatro conjuntos de chips de oito bits para formar um banco de memória. Evidentemente, também aqui os quatro conjuntos tinham que ter exatamente a mesma capacidade.

Foi nessa época que surgiram os primeiros módulos com encapsulamento SIMM. Pequenos para os padrões de hoje, armazenavam 256Kbytes, 512Kbytes ou 1Mbyte. Tinham um aspecto que evidenciavam claramente sua estrutura interna: em cada módulo (ou "pente") havia nove pequenos chips, cada um capaz de armazenar ordenadamente 256 Kbits, 512Kbits ou 1Mbit (bits, não bytes). Dos nove, oito armazenavam os bits que compunham o byte e o nono armazenava o bit de paridade. Estes nove chips se conectavam ao mundo exterior por um conjunto de 30 contatos elétricos na base do módulo, oito dos quais eram ligados ao barramento de memória. E estes módulos eram conhecidos como módulos SIMM "de nove bits e 30 pinos". Depois apareceram duas variantes. Uma com apenas três chips, dois deles armazenando quatro bits de cada byte e o terceiro o bit de paridade, funcionalmente idêntica aos módulos de nove chips e na maioria dos casos intercambiável com eles (ou seja, podia-se substituir um pelo outro). E outra na qual, por economia, eliminou-se o bit (e, conseqüentemente, o controle) de paridade, que passou a ser conhecida por módulo SIMM "de oito bits e 30 pinos". Notem que, embora tanto um quanto outro tenham 30 pinos, estes módulos com e sem paridade não são intercambiáveis. Mais tarde discutiremos a validade da economia porca (adjetivo que resume minha opinião sobre o assunto) alcançada com a eliminação do bit de paridade.

Uma placa-mãe de 386 ou 486 poderia ter mais de um banco de memória. E, de fato, a maioria delas abrigava dois bancos, cada um composto por quatro módulos SIMM de 30 pinos e nove (ou oito) bits. Os dois bancos não precisavam ter a mesma capacidade, mas os chips de cada banco tinham que ser iguais. Por exemplo: um banco podia conter 1MB e o outro 8Mb. Mas nesse caso o primeiro teria obrigatoriamente que usar quatro chips de 256K cada e o segundo quatro chips de 2Mb cada.

Foi então que surgiram os módulos SIMM de 72 pinos...

PS1: Graças à amizade e ao dinamismo do Marcelo Viana, que apesar de tão jovem já é um velho amigo, este pobre escrivinhador tem hoje sua home page. Que lhe espera em http://www.pobox.com/~bpiropo. Ainda modesta, evoluirá aos poucos apoiada, principalmente, nas opiniões e conselhos que tenho certeza vocês darão ao visitá-la.

PS2: Vejam como é dura a vida deste pobre escrivinhador: enquanto vocês lêem esta coluna confortavelmente refestelados em suas mesas de trabalho sob o benevolente olhar do chefe, eu estarei sofrendo sob o escaldante sol de Natal, à beira mar plantado, cercado de camarões, água de coco, carne de sol, lagostas e, tomara, belíssimas gatas envergando sumaríssimos biquínis, nos intervalos do que se espera ser o melhor e mais bem montado congresso e feira internacional da SUCESU, contando com quase dois mil congressistas, esperando mais de 150 mil visitantes e um volume de negócios acima de 60 milhões de reais. Onde haverá palestrantes do calibre de um John Dvorak, Jean Paul Jacob e Joel Malof. E, para desafinar o coro dos sapientes, este vosso criado. Que na quarta-feira, dia seis, às 15 hs, proferirá uma palestra sobre o dilema do upgrade. Deus meu, os sacrifícios que não se faz para manter vocês bem informados...

B. Piropo