Sítio do Piropo
Visão digital: Comércio Eletrônico
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Este mês vai ser diferente. A coluna do Piropo vai falar de informática. Afinal, ele é colunista de informática, portanto não tem porque ficar jogando conversa fora aqui no Visão Digital. Daqui pra frente, vamos falar sério. Se você prefere assim, ótimo. Se preferia aquele papo de botequim das colunas anteriores, acesse minha página em [http://www.bpiropo.com.br] e mande um recado que a gente volta às abobrinhas. Mas por hoje, vamos falar sério.

Eu sei que você está cansado de saber que a Internet é um meio formidável para divulgar informações, trocar mensagens e estabelecer contatos com gente do mundo inteiro em tempo real usando programas de "chat" tipo ICQ e similares. Sabe também que através dela pode-se obter dados sobre praticamente qualquer coisa, desde os drivers mais atuais para um DVD recém lançado até receitas da cozinha típica do Taiti. Ver retrato de mulher pelada (homem também, pra quem é do ramo), ouvir música, descobrir o que está rolando nos cinemas de Paris (ou de Tóquio, Dakar, Cabrobó, sei lá...), fazer reservas de passagens aéreas. O diabo. Estou seguro que você está cansado de saber de tudo isso. Então, já que entende tanto de Internet, responda depressa: que volume de dinheiro você acha que o comércio eletrônico (vendas através da Internet) movimentará ano que vem? Trezentos milhões de dólares? Trinta bilhões? Ou serão três trilhões de dólares?

Difícil avaliar, bem sei. Na verdade difícil é até mesmo imaginar quanto dinheiro é tanto dinheiro. Um milhão de dólares ainda dá para entender: é o preço de alguns apartamentos na Praia de Ipanema e lemos no jornal que em New York Woody Allen vendeu um triplex de frente para o Central Park por quase vinte milhões de dólares. Já um bilhão de dólares fica mais difícil. O que se pode comprar com um bilhão de dólares? Não sei, mas a fortuna do Bill Gates está avaliada em cerca de oitenta vezes isso. E um trilhão de dólares? O que se compra com toda essa grana? Sei lá. Honestamente, não faço a menor idéia. É areia demais pro meu caminhãozinho...

Mas voltando ao nosso assunto: e então, quanto?

Quer ajuda? Pois pense: o que se compra e vende via Internet? Discos, com certeza. Todo mundo compra ou conhece alguém que compre discos "online". E livros, é claro. Começou com a Amazon Books e hoje quase toda livraria, inclusive no Brasil, vende livros na rede. E, evidentemente, "coisas de computador": hardware e software são responsáveis por uma parcela significativa do comércio eletrônico. E o que mais?

Bem, se a gente considerar apenas as empresas de vendas a varejo, vende-se quase de tudo pela Internet. E se a elas adicionarmos os sítios que trabalham com "leilões" online, como e e-bay, em [www.ebay.com], dá pra tirar o "quase". Lá, se oferece literalmente de tudo. E se vende. Para você avaliar, anote: o sítio já recebeu cinco milhões de visitantes (não de "visitas", em que a mesma pessoa volta uma porção de vezes: foram cinco milhões de pessoas diferentes).

E na Internet não se vendem apenas bens. Vende-se também serviços. E faz-se investimentos. Tudo isto está incluído no comércio eletrônico. Estima-se que há 4,3 milhões de americanos que aplicam "online" no mercado de ações e que, só no ano passado, foram responsáveis por 20% do movimento deste mercado. Só uma corretora, a Charles Schwab, faz em média 55.000 transações diárias. Projeções indicam que em 2002 o comércio eletrônico será responsável por 31% do mercado de investimentos americano.

Quer mais uma dica? Então lá vai: agências de viagem. Há quem diga que tendem a desaparecer, já que o volume de vendas pela Internet está crescendo tão explosivamente que logo não sobrará mais mercado para as agências tradicionais. Somente no ano de 98 o volume de dinheiro movimentado nos EUA neste setor foi de 3 bilhões de dólares (portanto, se você tinha escolhido trezentos milhões lá em cima, dançou). Em 2002 espera-se que o setor movimente cerca de 29 bilhões de dólares, dos quais 21 serão abocanhados por empresas aéreas e hotéis e o resto por locadoras de carros, cruzeiros marítimos e pacotes turísticos.

Assustou-se com o volume previsto só para empresas de turismo? Então, se escolheu trinta bilhões, ainda há tempo de mudar. Porque só a Intel vendeu dez bilhões de dólares em 98 e foi seguida de perto por Cisco, Dell, IBM e Gateway. Portanto, os "seus" trinta bilhões são menos do que foi movimentado apenas pelo mercado de hardware americano ano passado.

Pois acontece que as pessoas estão perdendo o medo de comprar pela Internet. Primeiro, descobriram que o risco que experimentam ao enviar o número do cartão de crédito para um sítio que suporta transações seguras (por SHTML) é menor que o que se corre ao entregar o cartão para um garçom ou frentista que desaparece com ele nos sombrios desvãos do fundo do restaurante ou do posto de gasolina. Depois, porque perceberam que podem fazer compras quando melhor entenderem pois as "lojas" da Internet nunca fecham, que a pesquisa de preços é muito menos cansativa que no shopping (embora menos divertida) e que é mais eficaz comparar produtos sem um vendedor insistente "pegando no pé". E, finalmente, porque a própria concorrência depurou o mercado e os "picaretas" foram desaparecendo aos poucos (mas cuidado: sempre sobrou um ou outro...), cedendo lugar para firmas confiáveis.

E então? Descobriu agora? Pois é isso: três trilhões de dólares serão movimentados pelo comércio eletrônico ano que vem. Você tem idéia do que é isso?

Eu não. É muita grana. Mas mesmo não tendo, por via das dúvidas, corra. Termine logo seu curso e vá batalhar no mercado em busca da fatia que lhe cabe deste dinheiro, que está lá esperando por quem tem conhecimento técnico, idéias originais e espírito empreendedor.

Boa sorte.

B.Piropo